Ronald Koeman foi, nos anos 80, o líbero perfeito. A designação líbero é tão antiga quanto a estrada para Roma, mas Ronald Koeman e seu jogo, no fim dos anos 80, certamente faziam jus a essa qualificação.
Koeman manteve essa linha no FC Barcelona, onde também soube desempenhar o papel de líbero. No último domingo, antes de PSV x Feyenoord, o termo líbero voltou a ser mencionado, agora em relação a um jogador do PSV. Estamos falando, claro, de Jerdy Schouten, que não só sabe passar de trás com maestria, como também começa a executar lances defensivos tecnicamente refinados.
É muito mais fácil falar do que fazer: colocar um meio-campista de origem para construir o jogo lá atrás e ainda defender. Executar bem essas tarefas é outra história. Schouten já atua há algumas semanas como zagueiro central, com a liberdade e às vezes a necessidade de avançar para o meio-campo. Isso gera a conhecida situação de superioridade numérica, que Peter Bosz gosta de ver para que a bola circule bem.
Funcionou mais do que bem em De Kuip contra o Feyenoord. Agora que Schouten também vem aplicando lances defensivos de alto nível, outro objetivo de Peter Bosz entra no radar. O treinador quer reduzir o número de gols sofridos e o número de chances concedidas que levam a gol. Os dois gols do Feyenoord foram mais por conta de Kovar do que da defesa, pois nem deveriam receber o rótulo de “chance”.
A equipe de Peter Bosz cedeu apenas uma grande chance. Mas logo uma enorme, pois Valente teve a bola do 3 a 3 praticamente para empurrar. Ele falhou, mas isso não faria jus ao equilíbrio das oportunidades. Antes disso, Schouten já havia neutralizado dois ataques do Feyenoord. Como um verdadeiro líbero, Schouten executou o carrinho perfeito na entrada da área e, instantes depois, afastou muito sutil e tecnicamente um ataque do Feyenoord com uma cabeçada lateral.
Essa bola caiu nos pés de Yarek Gąsiorowski, que decidiu acionar imediatamente Mauro Júnior, iniciando uma arrancada que resultou no magnífico 0 a 1. Mas tudo começou com Schouten e sua leitura de jogo, além da capacidade de executar aquilo que a cabeça pede. E isso sendo ele um meio-campista em função defensiva.
Segundo Tommie van der Leegte, os bons resultados das últimas semanas também se devem à importante mudança posicional de Jerdy Schouten. Van der Leegte vê que o capitão do PSV rende melhor como homem central da defesa do que no meio-campo.
"Eu vejo o Jerdy Schouten mais como defensor do que como meio-campista", diz Van der Leegte à ESPN. "Desde que ele recuou, o PSV passou a jogar bem. Schouten avança para o meio, então Mauro Júnior ocupa o seu lugar ou Joey Veerman recua. Há muitas trocas de posição e mais experiência na última linha. Com Ryan Flamingo e Yarek Gasiorowski era jovem demais."
Para Van der Leegte, colocar Schouten na zaga foi uma decisão inteligente de Peter Bosz. "Tenho a impressão de que ele está mais satisfeito, não encara mais com tanta relutância como no começo." Guus Hiddink concorda e chama Schouten de “líbero”. "Ele sempre se projeta pelo meio-campo e consegue jogar melhor a partir dali. A única mancha foi o gol sofrido de falta contra o Napoli. Ali ele se deixou bater com muita facilidade", disseram Hiddink e Van der Leegte sobre o capitão do PSV.